quinta-feira, 15 de março de 2012

Violência Doméstica: a luta contra os casos na ZN

Violência Doméstica: a luta contra os casos na ZN

Centro oferece apoio às mulheres vítimas de Violência Doméstica combatendo o preconceito
A violência doméstica é um tema cheio de tabus, e por mais que, aos poucos, esteja sendo introduzido na mídia, há ainda muito preconceito atrapalhando a mudança dos conceitos e conseqüente diminuição dos casos.
Na verdade, essas pequenas amostras expostas acabam por influenciar negativamente a visão sobre o assunto, dando a impressão de que as agressões são fases quando, de fato, são crimes que precisam ser denunciados. A denúncia e o apoio às mulheres são as únicas formas de conseguir bons resultados, quando o que vemos hoje são números muito negativos.
Segundo o DataSenado, pesquisa de opinião pública realizada pelo Senado Federal, 15 em cada 100 mulheres brasileiras sofrem ou já sofreram algum tipo de violência. Delas, 58% relatam violência física como principal tipo, enquanto 18% violência psicológica e moral e 17% todas as formas. E a pergunta que nos fazemos é: quem são os agressores dessas mulheres?
Em 87% dos casos, o vilão é o marido/ companheiro, seguido pelos próprios filhos – o que confirma a máxima de que violência gera violência. Quanto aos motivos das agressões, o álcool é a razão em 45%, enquanto o ciúme atinge 23% dos casos.
Tristes histórias de relacionamentos complicados, repletos de ofensas e agressões que causam traumas, medo e vergonha – e é exatamente por causa dessa vergonha que muitas mulheres acabam não denunciando seus agressores, permanecendo em uma realidade cada vez mais cruel, já que o que normalmente acontece é a reincidência cada vez maior dos crimes.
“Com as agressões morais e físicas, a auto-estima da mulher agredida fica tão baixa que por vezes, ela pensa que a agressão é uma “penalidade” sem saída. Existe muito medo do agressor, mas a vergonha ainda é o principal fator que a faz desistir de denunciar”, diz Rosimeire dos Santos, gerente do Centro de Defesa e Convivência da Mulher Mariás.
Rosimeire dos Santos - gerente do Centro de Defesa e Convivência da Mulher Mariás
Localizado na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo, o espaço que pertence ao NCCV (Núcleo Cristão Cidadania e Vida) faz um trabalho admirável de apoio à essas mulheres, onde oferece desde atendimento psicossocial e jurídico, até encaminhamentos diversos, oficinas de capacitação e terapias. Atitudes que ajudam a recuperar e devolver a alegria à vidas repletas de traumas.
Com capacidade para 100 atendimentos, o Centro já atendeu 36 casos, aos quais 20 continuam em andamento. Ali, cada caso é estudado isoladamente, sendo tomadas as atitudes que melhor atenderão a mulher e o relacionamento em questão, fazendo com que esse apoio seja constante até o ponto em que a atendida ache necessário. De maneira carinhosa e doce, a equipe totalmente formada por mulheres faz com que a esperança de uma vida melhor seja maior que a tristeza.
“Sofri violência desde que me casei, há quase 35 anos. Procurei por recursos e ele se silenciou por 10 anos. Ele bebia muito, e mesmo quando parou de beber voltou a me agredir com grau de perversidade. Fui orientada que essas agressões eram crime e fiz a denúncia. Recebi aqui e nos meus filhos, muito apoio – imprescindíveis para aumentar a minha auto-estima. Hoje estou esperando a saída do divórcio e reconstruindo a minha vida”, disse A.R.O.L., uma mulher de 64 anos, mãe de 3 filhos e freqüentadora do CDCM Mariás.
“Sofri violência doméstica por quase 35 anos e encontrei no CDCM Mariás apoio para reconstruir a minha vida”
                                                                                               A.R.O.L., frequentadora do CDCM Mariás
Porém, há casos em que o agressor precisa de ajuda tanto quanto a mulher agredida. “Nem sempre a separação é a melhor solução”, afirma Rosimeire. E para que essa ajuda mude o comportamento desse agressor é importante destacar a necessidade de tratamento.
Maria da Penha Maia Fernandes é o símbolo da campanha contra a Violência Doméstica no país
A violência doméstica é crime previsto pela Lei Federal Maria da Penha nº11.340, criada em 7 de agosto de 2006, sendo assim chamada em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes. Farmacêutica cearense, ela sofreu dois atentados por parte de seu marido, sendo um deles (um tiro nas costas enquanto dormia) responsável por ficar paraplégica. Marco Antônio Heredia Viveros, agressor de Maria, foi preso somente 19 anos após cometer os crimes, porém, hoje os agressores levam até 6 meses para irem à julgamento – uma mudança extremamente importante para a melhoria do quadro no país. No entanto, os crimes apenas não possuem fiança quando os agressores são presos em flagrante, fato que seria cabível de alteração para reforçar a importância da penalidade.
O lamentável é saber que existem pertinho de nós outras Marias da Penha que com nomes e histórias diferentes vivem na pele aquilo que nossa sociedade precisa lutar para acabar. E enquanto houver Violência Doméstica, que haja denúncia, solidariedade, apoio e compreensão às mulheres, afinal, elas não merecem apenas um mês de homenagem, mas sim, ações que as tornem importantes para si mesmas todos os dias.
 
 
Centro de Defesa e Convivência da Mulher Mariás
Rua Soldado José Antonio Moreira, 546 – Jd. Japão/Pq. Novo Mundo
Tel.:             11 3294-0066      
E-mail: cdcmulher@nccv.org.br
 
 
 
 
Como Denunciar 
Recentemente, uma mudança na Lei Maria da Penha permitiu que o agressor em casos de Violência Doméstica seja incriminado pelo Ministério Público mesmo sem a queixa formal da mulher agredida. A medida visa proteger melhor essas mulheres, já que qualquer pessoa pode agora denunciar as agressões. Se você sofre com o problema ou conhece alguém que sofra, procure ajuda através dos Centros de Apoio, como o CDCM Mariás, ou ligue para o número 180. Para melhorar a sociedade em que vivemos, devemos sim meter a colher em briga de marido e mulher!
 
 Fonte:http://autnews.com.br/violencia-domestica/

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